Muito se fala da insustentabilidade da segurança social no futuro. Não haverá fundos, nem forma de os conseguir, todos prevemos. É possível, mas tal ideia ainda é mais insustentável se nos detivermos na causalidade dessa mesma insustentabilidade. Quem desconta o quê e para quem? Que quantia recebem os que não descontam e se descontam, quanto? Será que muitos descontaram quanto bastasse para as suas actuais e chorudas reformas? E quem não descontou, acaso merecerá ser estigmatizado? A gravidade é acutilante, o Governo está a vê-la mas decide-se por sustentá-la, alimentando e permitindo a própria auto-destruição do sistema. Acham que poderemos continuar a pagar reformas e subvenções a políticos efémeros e gestores politizados, além doutras mordomias políticas, com valores inflacionados para os dias de hoje, como as de Mira Amaral e similares, bem como as que agora foram atribuídas a e Teresa Zambujo (2.996,12 euros), com 52 anos, aos ex-autarcas de Mafra e Seixal (3.172,36 euros), e a incontáveis outros, saudáveis, em idade laboral e ainda no activo? Foi agora uma corridinha frenética às reformas, por parte dos políticos, como Santana Lopes, Alberto João Jardim, Valentim Loureiro, Santana Lopes, além de muitos outros, que, ironicamente ainda estão em cargos políticos remunerados. Isto, numa altura em que qualquer funcionário público, naquelas idades e com muitíssimos mais anos de duras actividade e de descontos, terá já de esperar longo tempo por mais mísera reforma. Já nem quero falar dos que até aqui foram reformados mediante direitos e legislação (anacrónica e injusta) vigentes, cujo conteúdo era de conhecimento e informação reduzidas para a maioria do povo português que, praticamente só agora, começou a ver a verdadeira dimensão de certos benefícios políticos. Alguém poderá avaliar, entre actuais e ex-políticos, desde deputados, ministeriáveis, autarcas, etc., quantas reformas e subvenções políticas relevantes estão a ser neste momento pagas? Que quantia terá que entrar na CGA para pagar tais chorudas reformas? Já para não falar de certos funcionários públicos aposentados, com exclusividade temporária de serviço e cargos de direcção, que hoje conseguem estar reformados com remunerações quase duplas das de actuais seus colegas, em topo de carreira, e em actividade. Isto é uma autêntica injustiça, e só sucede num país como o nosso, que foi e continua a ser governado por princípios de interesse partidário e pessoal, sem se olhar para reformas miseráveis da maioria dos portugueses, que deixam perplexos quaisquer estrangeiro que nos visite e se inteire da realidade. Quando se acaba com as duplicações de tempo de serviço em certas profissões, em vez de se contabilizar como verdadeiro e efectivo tempo de serviço todas aquelas horas extras, quase obrigatórias, como as de alguns profissionais que fazem urgências consecutivas de 24 horas, semanais e que ao fim de 20 anos de serviço acabaram por trabalhar quase 30 anos. Alguém os protege ou protegeu? Assim vamos ter uma enorme franja de jovens imerecidamente reformados, quase todos saídos das classes político-partidárias que se alternaram nestes quase 30 anos de governos inoperantes que delapidaram o erário público e os fundos da U.E., entre eles, além de uma outra franja saída do comum funcionalismo público, ao abrigo dos 36 anos de serviço (com e sem duplicações de tempo de serviço). É lamentável quando se comparam os valores dessas reformas com as miseráveis do comum dos trabalhadores que muito mais tempo trabalharam e mais anos descontaram. Será razão para se dizer, sem grande margem de erro, que, na globalidade dos aposentados, o somatório das remunerações de 30% (os bem reformados , basicamente mais jovens) durante um mês, talvez ultrapasse o somatório das remunerações dos outros 70% (os mal reformados, mais desgastados e velhos) durante um ano. Digno de meditação profunda pelos governantes desta falsa Democracia. Assim sendo fica a questão: afinal, quem é que está a sangrar a segurança social, ameaçando a sua sustentabilidade futura? Responda quem souber.