Durante estes últimos dias, devido às múltiplas tarefas correlacionadas com a minha profissão, e um hobby de policiarismo, com encontro no Fórum da Maia, durante o fim de semana, não me foi possível "blogar" um pouco, pelo que, mais uma vez, e para evitar simples olás e blá-blás vazios de conteúdo, atrevo-me a relembrar os meus tempos de juventude, agora com um poema que publiquei em 09/03/74, no já anteriormente referido Jornal das Aves. Fi-lo pensando naqueles que um dia foram senhores de um reino e poder, mas que mercê do seu desatino tudo perderam numa autêntica vida de libertinagem e desaforo. Conhecemo-los...andam por aí, ainda hoje, viajantes do triste fado, passageiros de ventos e tempestades, heróis de contos cor-de-rosa desbotado...super-homens que viraram infra-homens.
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Ei-lo que avança...
Lua nos olhos,
lábios em dança,
cérebro aos folhos.
Traz mil canções
na cárie dos dentes
- gritos e orações
aos deuses cadentes.
Trinca o cigarro
nos lábios crestados,
segura o catarro
nos dentes cariados.
Urtigas, no peito,
cobrem cicatrizes
dum sonho, desfeito
entre meretrizes.
Traça, sem giz,
no tempo em dança,
o esboço-raíz
dum sonho-esperança.
A lua dos olhos
perde o seu brilho,
entre os escolhos.
Não deixa rastilho.
Seu sonho desfeito
é vento à deriva
- dilema, preceito,
antraz, chaga viva.
Seu sonho-esperança
esvai-se em lume,
torna-se dança
dum saco de estrume.
Ei-lo que avança...
É Rei deposto,
sem ceptro, sem lança,
com lama no rosto.